27 de janeiro de 2016

Segunda Sessão

Parte I

Este conto foi escrito para meu antigo dono.



Cheguei em casa flutuando, nem comi ou dormir naquela noite estava feliz demais para fazer coisas tão humanas. Pensei em cada momento, sorri sozinha no meu quarto, deitada na estreita cama de solteiro com meu abajur ligado. Não sei como ou quando foi que dormir.
No dia seguinte acordei tarde, era um domingo nublado com rápidas garoas passageiras e com pouco sol, minha preguiça estava ao extremo mas me sentia bem como mulher. Levantei, caminhei pela casa, àquela hora minha mãe já havia saído, provavelmente para casa de minha avó.
Como uma menina boba voltei a sorri distraída, pensei em meu dono e não resistir em ligar. Peguei o celular e disquei o número que ele havia me ligado. Chamou uma, duas, na terceira ele atendeu.
- Bom dia Laura! – ele murmurou parecendo bem humorado.
-  Bom dia Sr., er... eu pensei, está aqui ainda? – tropecei nas palavras.
- Sim estou, irei embora pela madrugada!
- O que quer fazer esta tarde? – percebi que nesse momento ele parou para pensar um pouco.
- Vamos andar pela sua cidade, já almoçou?
- Não, acabei de acordar.
- Pois bem, venha almoçar comigo, tens 30 minutos para aparecer aqui no hotel – antes que eu pudesse disser sim senhor, ele já havia desligado.
Novamente outro conflito entre eu e meu guarda-roupa. Abrir o guarda-roupa encarei minhas roupas, não havia muito tempo, desistir da briga e corri para o banheiro, tomei um rápido banho, vesti um sutiã branco de renda com detalhes amarelos e uma calcinha preta, uma vez que eu não tinha outros lingeries.
Roupa, eu tinha que pensar rápido ou não daria tempo de fazer a maquiagem, optei por um short laranja de cos alto e um cropped preto, uma rasteira, passei creme nos cabelos molhados, fiz uma maquiagem básica o mais próximo do natural e sai correndo com os brincos e um crucifixo na mão.
Cheguei 3 minutos atrasada, quando cheguei ele já estava sentado numa das mesas do restaurante do hotel, junto dele havia uma moça da cidade, revirei os olhos, provavelmente o assediando, senti uma pontada de ciúmes e me aproximei da mesa quase correndo.
- Olá Augusto – a ignorei sentando a mesa, interrompi a conversa deles.
- Oi Laura – pensei dele ficar chateado, mas sorriu com um bom humor.
- Bom parece que sua companhia chegou, estou indo – a moça levantou-se da mesa e saiu.
- Tchau Cátia – ela sorriu em sinal de adeus. Minha cadela interior a atacou, mordeu bem na garganta para acabar com o mau pela raiz.
Ela não desistiria, ahh não, fiquei imaginando o que seria de mim se meu dono resolvesse namorar uma dessas mulheres da minha cidade, eu não poderia fazer nada, afinal escolhi ser sua cadela, mas com certeza eu o deixaria sim, eu o deixaria paras outras, não importava quem fosse ela, da cidade ou não, não continuaria dano minha submissão a um homem que conservasse uma relação baunilha e ainda assim quisesse minha exclusividade.
Do nada fiquei revoltada, minha natureza havia trancado, sentir uma raiva imensurável. Eu estava tão feliz, porque sempre algo desse tipo acontece comigo, será que eu desistia das pessoas rápido demais?
- No que está pensando? – meus pensamentos foram interrompidos por ele, e como uma menina birrenta, respondi mal humorada.
- Nada...
- Você chegou atrasada...
- Desculpe – respondi seca.
- Vou lhe dar umas cintadas para aprender a chegar no horário. – ele murmurou.
Confesso que não dei muita importância, apanharia quantas vezes fosse possível desde que ele estivesse ao meu lado, e gostasse mais de mim do que das outras, pois no dia que me sentisse abandonada e eu chorasse por isso, eu seria novamente uma cadela de rua. Creio que meus olhos lacrimejaram na hora, não sei se ele percebeu.
- Sim Sr. – responde de cabeça baixa.
Logo o garçom se aproximou pondo uma bandeja com filés de frango com molho de tomate e purê de batatas sobre a mesa junto com pratos e talheres. Fitei a comida com desgosto, lembrando do aniversário de uma amiga, Augusto colocou um filé no seu prato e outro no meu, pelo seu rosto também não gostava da aparência, não pude conter o riso.
Comemos tranquilamente trocando poucas palavras. Ao terminarmos saímos do hotel andando calmamente sob o falso sol de inverno. Augusto vestia uma camisa branca, bermuda jeans e uma sandália rasteira.

- Aqui é bastante quente!

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